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domingo, 26 de maio de 2019

As urnas funerárias de Conceição dos Ouros/MG

Urna funerária indígena resgatada na casa de Pedro Ferreira Neto, em 1998

Segundo a jornalista Carla Barbosa publicou em seu blog, em 1998 foram descobertos vasos de cerâmica e uma ossada durante uma obra em uma residência na cidade de Conceição dos Ouros.

Alertados pela possível importância da descoberta, pesquisadores da UFMG e do Museu de História Natural, liderados pelo professor André Prous, realizaram estudos e novas escavações, encontrando outras duas urnas funerárias, mais cerâmicas e algumas pontas de flechas.

Em 2013, conforme notícia disponível no portal G1, outra urna indígena foi descoberta no bairro Chácara, durante uma obra de ligação de rede de esgoto. 

Urna indígena descoberta em 2013 (Fonte: Portal Cachoeira de Minas)
Estudos realizados datam as descobertas em até 700 anos atrás, ou seja, podemos supor que nossa região já era habitada por índios cerca de 200 anos antes da chegada dos portugueses ao Brasil! E podemos acrescentar à lista de sítios de relevância arqueológica os descobertos nas cidades de Itapeva, Camanducaia e Extrema, que podem jogar essa data para mais longe ainda!



sábado, 25 de maio de 2019

Primeira Fase – A Pré-História


“Somos devedores de parte do que somos aos que nos precederam. O dever de memória não se limita a guardar o rastro material, escrito ou outro, dos fatos acabados, mas entretém o sentimento de dever a outros, dos quais diremos mais adiante que não são mais, mas já foram. Pagar a dívida, diremos, mas também submeter a herança a inventário.” (Paul Ricoeur. A memória, a história, o esquecimento).

Mesmo que a ideia de contar a história de Paraisópolis já tenha dado seus primeiros passos (nesta nova etapa) apresentando uma descrição do município datada de 1878, não podemos ignorar o fato de que há indícios que nossa região tenha sido habitada por etnias indígenas, antes mesmo que os primeiros bandeirantes se atrevessem a adentrar a região conhecida como “Sertão dos Cataguases”. Esses povos, em sua maioria nômades, possivelmente os Cataguás (ou Cataguases), pertenciam ao tronco linguístico Macro-Jê, entendidos como perigosos e beligerantes, e talvez até canibais.


índios cataguases

O Sertão dos Cataguases, como Minas Gerais era conhecida à época, era considerada região proibida pela Coroa Portuguesa, e poucas bandeiras arriscavam-se a explorá-la. Foi somente após 1670 que a Coroa Portuguesa passou a organizar expedições mais robustas para explorar o Sertão Mineiro – a bandeira de Fernão Dias Paes Leme, o “Caçador de Esmeraldas”, reunia aproximadamente 600 homens! Duas são as rotas prováveis de Fernão Dias: uma, que partia da Vila de São Paulo de Piratininga, descia o vale do Rio Paraíba até a região de Lorena, e de lá atravessou para Minas Gerais pela Garganta do Embaú, indo se estabelecer onde hoje é a atual Baependi; a outra rota, também partindo da Vila de São Paulo de Piratininga, subiu a região dos rios Atibaia e Jaguari (literalmente, subindo a rodovia Fernão Dias!). Seu objetivo era a região de Sabarabuçu e sua lendária montanha de esmeraldas!


pintura retratando os índios brasileiros, do alemão Johann Moritz Rugendas


Estudiosos que se debruçaram sobre os mineiríndios (termo utilizado por Oilam José, em seu livro “Indígenas de Minas Gerais – aspectos sociais, políticos e etnológicos”, datado de 1965, para se referenciar aos indígenas que habitavam a região das Minas Gerais colonial) reconhecem que há uma lacuna nos registros históricos acerca da presença, ocupação e história, das tribos indígenas que viviam em nossa região.

E é justamente nessa investigação que nos dedicaremos nas próximas semanas!

Buscaremos levantar as diversas fontes disponíveis na Internet para traçar um esboço do que seria a pré-história de Paraisópolis: a história da presença humana antes dos primeiros bandeirantes que exploraram nossa região, seguindo os passos de Gaspar Vaz da Cunha. As urnas funerárias descobertas em Conceição dos Ouros permitem supor que outros indígenas por aqui também estiveram!


Múmia de um indígena. Obra de Jean-Baptiste Debret. O documento etnográfico acima mostra que o corpo foi sepultado no interior de uma igaçaba cerâmica (urna funerária). Modelo de estrutura funerária comum identificada em sítios arqueológicos no estado de Minas Gerais, incluindo o sul do estado


Infelizmente, a ocupação territorial de Paraisópolis nunca registrou indícios da presença humana antes dos bandeirantes: nenhum caco de cerâmica, pintura rupestre, urna funerária...

Mas, com um pouco de pesquisa e comparação das diversas fontes e relatos de expedições que exploraram os Sertões dos Cataguases atrás do cobiçado ouro, talvez seja possível traçar um perfil dos primeiros habitantes de Paraisópolis – mesmo que nunca tenham se fixado por aqui, é válido supor que os primeiros paraisopolenses eram indígenas!

sábado, 11 de maio de 2019

Nova etapa

Do início do ano letivo até a semana anterior, os alunos que fazem parte desta nova fase do Projeto Paraisópolis Histórico receberam as instruções sobre a criação do banco de dados que agrupará diversas informações e imagens históricas sobre a cidade.
Foram semanas de aulas de programação, nas quais os alunos aprenderam a desenvolver bancos de dados e criar as interfaces e códigos utilizando linguagem de programação.
Agora, estamos iniciando uma nova etapa: o aprendizado dos softwares que serão utilizados para a criação dos textos com recursos de multimídia e o tratamento das imagens que serão selecionadas e disponibilizadas no material digital desenvolvido.
Além disso, agora iniciaremos a etapa de organização dos materiais anteriormente pesquisados (catalogação das fontes, seleção dos materiais, digitalização e classificação) e o estabelecimento da cronologia da História de Paraisópolis.
Novas pesquisas deverão ser realizadas e novos materiais serão adicionados aos que já temos.
Com o desenvolvimento desta etapa, nosso progresso será relatado aqui.
Como uma prévia, deixo aqui imagens do "Tratado de Geographia Descriptiva Especial da Provincia de Minas Geraes", de José Joaquim da Silva (datado de 1878), que traz uma descrição da Vila de São José do Paraíso (páginas 165 e 166), cujo texto já foi publicado neste blog: