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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os Bandeirantes

Ao travarem os primeiros contatos com os indígenas do litoral brasileiro, os portugueses tiveram a cobiça despertada por “pedras brilhantes e amarelas” encontradas com os nativos.

 (Travessia do Rio Paraíba)
 
Sabedores do valor da riqueza mineral que poderia estar escondida atrás das verdejantes serras, assim que se estabeleciam, os colonizadores tratavam de organizar expedições de reconhecimento do território e de exploração. Era a corrida do ouro...
 
A Corte Portuguesa tentava intimidar os exploradores não-oficiais, para que não perdesse o controle e o direito sobre as riquezas a serem descobertas. Mas histórias contadas por nativos capturados e por corajosos exploradores solitários, sobre o amarelo faiscante do leito dos rios e das serras recobertas de preciosidades, foram mais fortes do que a Coroa.
 
Assim nasceram as “Bandeiras”, incursões ao interior inexplorado, em geral organizadas pelos paulistas sediados na Vila de São Paulo de Piratininga, ou nas nascentes vilas do Vale do Paraíba.
 (Batalha entre bandeirantes e índios)
 
Começava o tempo dos heróis e vilões: eram os “Plantadores de Cidades” desbravando e conquistando o interior do Brasil, à custa do massacre e escravização dos nativos.

(Terras da Serra da Mantiqueira)

domingo, 6 de junho de 2010

Período Colonial

Desde o descobrimento do Brasil, a região do Sul de Minas passou por várias denominações e esteve subordinado à diferentes centros de poder: iniciou pertencendo à Capitania de São Vicente, que deu origem à Capitania do Rio de Janeiro. À essa época, aqui eram os “Sertões dos Cataguases”, local inóspito e temido pelos poucos viajantes que se aventuravam nos rincões profundos da terra recém-descoberta.


Desde o século XVI, expedições de bandeirantes desbravaram o território das Minas, descobrindo ouro e outras riquezas. No início do século XVIII, para ter mais controle sobre o ouro que estava sendo descoberto na região das Minas dos Cataguases, e foi criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, desmembrada da Capitania do Rio de Janeiro.

Mapa das Capitanias do Brasil em 1707

Após a revolta de Vila Rica (1720), a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro foi desmembrada, originando a Capitania de São Paulo e a Capitania de Minas Gerais, com sede em Vila Rica, atual Ouro Preto.

Mapa das Capitanias do Brasil, em 1789


As Minas eram gerais

Minas Gerais era o Sertão dos Cataguases, um sertão cobiçado, pesquisado e mapeado pelas várias bandeiras que variam essa região vasculhando suas serras, navegando seus rios, revolvendo suas terras em busca das suas incalculáveis riquezas. Desbravada e demarcada pelas bandeiras que buscavam ouro e muitas outras que vinham para cá para guerrear e escravizar índios, sempre voltando para a sua origem, a região central de Minas permanecia inexplorada. A essa época, Minas passou de o Sertão dos Cataguases para Sertão das Minas dos Cataguases, Sertão das Minas do Ouro que chamam Gerais e, finalmente, Minas do Ouro.


Da Capitania de São Vicente à Capitania de Minas Gerais

Poucos anos após ser criada, em 22 de janeiro de 1532 por Martim Afonso de Sousa, a Vila de São Vicente tornou-se capital da Capital e mesmo nome. Esse território estendia-se do litoral sul do que hoje é o Estado de São Paulo até o sul do Rio de Janeiro. Mais tarde, a Capitania de São Vicente foi dividida em duas e a parte ao norte se tornou a Capitania do Rio de Janeiro, que englobava territórios de São Paulo, Minas Gerais, Góias, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Em 3 de novembro de 1709, como consequência da Guerra dos Emboabas (1707-1709), que demonstrara a fragilidade do controle da Coroa Portuguesa sobre a região das recém-descobertas minas de ouro (visto que o governador da capitania de São Vicente residia na capitania do Rio de Janeiro - esta separada daquela em 1567), a antiga capitania de São Vicente foi transformada em Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separada da do Rio de Janeiro.


O primeiro governador da nova Capitania, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, pacificador do conflito, estabeleceu as primeiras vilas: Vila Rica (atual Ouro Preto) e a Vila de Nossa Senhora de Sabará (atual Sabará). Posteriormente, a região foi dividia em três Comarcas: Ouro Preto (com sede em Vila Rica); Rio das Velhas (com sede em Sabará); e Rio das Mortes (com sede em São João del-Rei).



("Mapa da Capitania de Minas Geraes, com a deviza de suas comarcas", concluído em 1778, trabalho de José Joaquim da Rocha)

(Carta do Termo de Villa Rica, 1766)


(Mapa da Comarca do Sabará / Levantado por Bernardo Jozé da Gama - Na sequência do nome do autor contém a seguinte informação: "Em cumprimento da Régia Provizão do Desembargo do Paço de 25 de Agosto de 1813, seguindo a divizão ultimamente ordenada pelo Alv. de 17 de Maio de 1815. Vão os pontos de latitude segundo observação do Jezuita Padre Capacy". - A margem inferior do mapa encontra-se aparada ocultando parcialmente uma possível autoria, podendo no entanto ler-se "B.R. Baker Lithg. The writing by J. Netherclift". - Contém legenda.)


(Parte do mapa de José Joaquim da Rocha, de 1778, destacando a Comarca do Rio das Mortes, que corresponde ao atual Sul de Minas)


A partir de cerca de 1725 serão descobertos na região diamantes, consolidando a capitania como a principal economia da colônia à época, suplantando a da Região Nordeste do Brasil. Pela ação desbravadora dos bandeirantes a nova capitania passou a contar com um vasto território, que abrangia os sertões de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, para o sul, e de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso para oeste (ver Mapa das Capitanias, de 1707).

Como consequência da Revolta de Vila Rica (1720), além do adiamento da instalação da Casa de Fundição, materializou-se a autonomia administrativa das Minas, uma vez que, em 12 de setembro desse ano, D. João V desmembrou-a, instituindo a Capitania das Minas Gerais e a Capitania de São Paulo.


(Planta Geral da Capitania de Minas Gerais)


(Mapa da Capitania de São Paulo - legenda no mapa)

Na primeira foi então criada mais uma Comarca: Serro do Frio (com sede em Vila do Príncipe, atual Serro). O primeiro governador da nova capitania das Minas Gerais, D. Lourenço de Almeida tomou posse a 18 de agosto de 1721 na vila do Carmo. Uma de suas primeiras providências foi a instalação da sede do governo em Vila Rica.



(Mapa da Comarca do Serro do Frio, José Joaquim da Rocha)


Posteriormente, em 1748, no contexto da demarcação dos limites entre a América Portuguesa e a Espanhola, as regiões de Mato Grosso e Goiás foram desmembradas da de São Paulo, sendo criadas duas capitanias autônomas: a capitania de Mato Grosso, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade e a de Goiás, com capital em Vila Boa de Goiás.


A partir de 1772, a Coroa Portuguesa assumiu integralmente a produção diamantífera nas Minas Gerais, criando uma empresa para tal fim, a Real Extração dos Diamantes.




Período Pré Colonial

Primeiras evidências de ocupação humana na região do Sul de Minas Gerais


Sem comprovação ainda, estima-se que as pinturas rupestres encontradas em Extrema (Pedra do Índio) e Tocos do Moji, datam de mais de 2500 anos atrás. As escavações arqueológicas em Conceição dos Ouros revelaram materiais de cerâmica (utensílios, urnas funerárias, etc.) datando em torno de 700 anos atrás.


(Pintura rupestre encontrada na cidade de Tocos do Moji - Sul de Minas)

(Pintura rupestre encontrada na Pedra do Índio - Extrema, sul de Minas)

(Utensílio de barro de origem indígena encontrado em sítio arqueológico em Conceição dos Ouros, sul de Minas)

(Urna funerária de barro de origem indígena encontrado em sítio arqueológico em Conceição dos Ouros, sul de Minas)

"Os homens da pré-história mineira não moravam em cavernas, apenas aproveitavam casualmente as suas partes abrigadas, porém iluminadas, para se proteger das chuvas ou do sol quente. Em zonas mais frias, o sul de Minas e o Alto São Francisco (Pains e Arcos), faziam casas subterrâneas. Escavavam o solo a três metros de profundidade, abrindo valas de até 20 metros de diâmetro, e recobriam o local com um teto" (Revista Minas Faz Ciência Nº 11 - jun a ago de 2002).


"Essas aldeias de casas subterrâneas indicam um novo modo de vida introduzido pelos grupos de língua Jê, pois se encontram casas isoladas ou agrupadas em conjuntos, subterrâneas e semi-subterrâneas, elípticas, desde o sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul" (Etnoconhecimento e saúde dos povos indígenas do RS).

Embora ainda sem estudos detalhados, acredita-se que a população indígena que habitava essa região eram denominados “Cataguases” pelos bandeirantes paulistas (que usavam genericamente esse termo para designar qualquer grupo não tupi que habitasse florestas – o termo significa “aquele que vive no mato”, sendo uma derivação de caá – “campo, mata ou árvore”, – “duro ou bruto”, e guá – “vale”).

Outros estudos indicam que os grupos aqui existentes seriam os Coroados (Kaiagang), Carapós e Puris (Os Sertões Proibidos da Mantiqueira: desbravamento, ocupação da terra e as observações do governador Dom Rodrigo José de Meneses). Em referências ao bandeirante Fernão Dias Pais, citam-se índios Mapaxos. Já o bandeirante Matias Cardoso de Almeida, capitão-mor e adjunto de Fernão Dias Pais, é citado como tendo expulsado os “terríveis índios” lopos da região de Atibaia e Sapucaí (?).



Índios Coroados (Coroatos e Corotos) - Litogravura de Rugendas.


Índios Puris - Litogravura de Rugendas.