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aqui era o “Sertão dos Cataguases”
Finalizamos
a semana de pesquisas sobre os primeiros habitantes do Sul de Minas Gerais com
um vasto material sobre os silvícolas que habitavam nossa região antes da
chegada dos primeiros bandeirantes paulistas.
Instigados
pelas urnas funerárias pré-coloniais descobertas na vizinha Conceição dos Ouros,
e por outros registros arqueológicos, como pinturas rupestres em Extrema (sítio
arqueológico em abrigo sob a rocha), sítios com fragmentos de cerâmicas indígenas
em Itapeva (ambos estudados por pesquisadores da UFMG), e até mesmo registros
de sítios arqueológicos estudados por uma empresa privada em Consolação (Pedra
da Independência) e Paraisópolis!, os alunos se lançaram em pesquisas na
internet sobre evidências da presença de tribos indígenas em nossa região.
Levaremos
tempo para organizar o material pesquisado, mas há alguns pontos de
convergência entre eles: aqui vivia o povo Cataguá, ou Cataguases, um dos 73
povos indígenas identificados no território mineiro, e possivelmente foi o
grupo que mais resistiu à conquista dos bandeirantes. A prevalência de tais
tribos sobre as demais era tamanha que originalmente a futura Capitania de
Minas Gerais era conhecida como o “Sertão dos Cataguases”, e só deixou de ser
assim conhecida após a criação da Capitania de Minas, separada de São Paulo em
1720.
(representação
de uma aldeia indígena)
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Integrante
da bandeira de André de Leão, de 1601, que, seguindo o Vale do Rio Paraíba,
adentrou nas terras desconhecidas dos Cataguases provavelmente pela Garganta do
Embaú, o holandês Wilhelm Joos ten Glimmer (que tinha a função de prospectar
minérios que indicassem a existência de ouro) descreveu os primeiros contatos
com sinais de habitantes.
(Esboço
Cartográfico do Caminho de São Paulo para o Sertão - Trecho da Serra da
Mantiqueira – autor desconhecido)
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Segundo
o relato de Glimmer, a partir das cachoeiras do Paraíba do Sul, seguiram viagem
“a pé, ao longo de outro rio que desce do lado ocidental e não se presta à
navegação”. Após cinco ou seis dias de marcha, chegaram “à raiz de um monte
altíssimo”, que transpuseram e chegaram a uma região de “campos mui
descortinados”, cobertos por araucárias (o lado mineiro da Serra da Mantiqueira,
atravessada a Garganta do Embaú?).
(representação
das terras da Mantiqueira)
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Três
dias depois chegaram “a um rio que deriva do nascente” (o Rio Sapucaí?), encontrando
“aqui e ali aldeias em ruínas”. Conforme relata Glimmer, “por aquelas solidões
vagueavam com suas mulheres e filhos alguns selvagens que não tinham domicílio
certo e não curavam de semear a terra”.
Isso confirma dados obtidos nas pesquisas de 2011 sobre o caráter nômade ou seminômade dos primeiros habitantes do Sul de Minas.
Isso confirma dados obtidos nas pesquisas de 2011 sobre o caráter nômade ou seminômade dos primeiros habitantes do Sul de Minas.
(Distribuição geográfica dos mineiríndios, segundo Oiliam José, no livro Indígenas de Minas
Gerais, de 1965)
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Segundo
Oiliam José,
“os
cataguases habitavam o Centro, o Oeste e o Sul de Minas Gerais até o século
XVIII e subdividiam-se em diversas tribos de densa população. Na centúria
seguinte, tiveram seu número sensivelmente diminuído até desaparecerem ou se
misturarem aos brancos. Da região do Rio Sapucaí foram, antes, expulsos ou trazidos
pelos bandeirantes para o Oeste e, junto do Rio Grande, sofreram terrível ataque
desfechado em 1637 por Lourenço Taques.”
O
extermínio dos cataguases impediu que mais informações sobre sua organização
social, econômica e cultural, além de sua etnologia, chegassem até os dias de
hoje.
Em
tempo: a denominação que deram a si mesmos, cataguás, é formada pelas raízes
tupis "ca + tu + auá", ou “gente boa”. Mais mineiro, impossível!
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